Categoria: Personagens da Codificação

William Eller Channing

William Eller Channing

“Qual a instituição humana, ou mesmo divina, que não encontrou obstáculos a vencer, cismas contra que lutar? Se apenas tivésseis uma existência triste e lânguida, ninguém vos atacaria, sabendo perfeitamente que havíeis de sucumbir de um momento para outro. Mas, como a vossa vitalidade é forte e ativa, como a árvore espírita tem fortes raízes, admitem que ela poderá viver longo tempo e tentam golpeá-la a machado. Que conseguirão esses invejosos? Quando muito, deceparão alguns galhos, que renascerão com seiva nova e serão mais robustos do que nunca.”
Assim se expressa, em O Livro dos Médiuns, cap. XXXI, dissertação de nº 7, o espírito Channing, bem traduzindo o que foi em encarnação como pastor nos Estados Unidos. Convocando os espíritas à luta, recordava, com certeza, as próprias que enfrentara a seu tempo, em nome do estabelecimento das verdades espirituais.
Nascido em 7 de abril de 1780, em Newport, ficou conhecido como o “apóstolo do Unitarismo”, seita protestante datada do século XVI, que negava o dogma da trindade divina, reconhecendo Deus como Uno.
Organizou, nos Estados Unidos, a tentativa para a eliminação da escravidão, a embriaguez, a indigência e a guerra.
Tendo estudado Teologia em Newport e Harvard, tornou-se a curto prazo um pregador de sucesso, em várias Igrejas na área da cidade de Boston. Em Boston, foi Ministro da Federal Street Church no largo período de 39 anos.
Preferindo evitar pontos complexos da Doutrina, ele pregava a moralidade, a caridade e a responsabilidade cristã.
Na qualidade de pregador, alcançava grandes audiências e como escritor colocou várias defesas da sua posição, descrevendo a sua luta como “um sistema racional e amável contra o não entendimento dos homens da caridade ou piedade”.
Chegou a ser simpatizante da crença do Movimento de Reforma Social e Educacional, mas não acreditava que a sociedade pudesse ser melhorada por ações coletivas. Recusava a idéia de que o governo poderia ajudar no avanço da moral e sensibilidade da raça humana, acreditando que o governo pudesse somente intervir nas questões essenciais para manter a ordem pública.
Sua obra escrita (ensaios e revisões), cuja maioria foi destruída pelo fogo, foi classificada por um seu contemporâneo como um “Tratado da Doutrina Cristã”, enquanto o biógrafo de Napoleão I, Sir Walter Scott teve oportunidade de o cognominar de grande agitador social.
Comparecendo ao palco da Codificação e tendo inseridas em O Livro dos Médiuns três mensagens de sua lavra no capítulo 31, além de uma contribuição valiosa, discorrendo a respeito da ubiqüidade, no capítulo 25, pergunta de número 30 do item 282, convida o homem a escutar a voz interior, do seu anjo guardião, assim se expressando: “Nem todos sabem agir de acordo com os conselhos da razão, não dessa razão que antes se arrasta e rasteja do que caminha, dessa razão que se perde no emaranhado dos interesses materiais e grosseiros, mas dessa razão que eleva o homem acima de si mesmo, que o transporta a regiões desconhecidas, chama sagrada que inspira o artista e o poeta, pensamento divino que exalça o filósofo, arroubo que arrebata os indivíduos e povos, razão que o vulgo não pode compreender, porém que ergue o homem e o aproxima de Deus, mais que nenhuma outra criatura, entendimento que o conduz do conhecido ao desconhecido e lhe faz executar as coisas mais sublimes.”
Channing desencarnou em Bennington, Estados Unidos, em 2 de outubro de 1842. Seis anos depois, o grande Movimento que redundaria no posterior surgimento da Doutrina Espírita, despertaria os homens para o estudo mais aprofundado do Mundo Invisível.

Vicente de Paulo

Vicente de Paulo

A aldeia se situa no sul da França, quase na divisa com a Espanha. Chama-se Pouy, e a família leva o sobrenome De Paulo. Vicente é o terceiro entre os seis filhos do casal João de Paulo e Bertranda de Moras. O ano é 1581.
A família possui terras e um rebanho de vacas, ovelhas e porcos. Vicente é encarregado de levar o rebanho a pastar e, seu olhar se perde na contemplação da natureza. Cedo, nele se manifestam a inteligência aguda, o olhar observador, o espírito vivo, o coração generoso e sincera devoção a Maria, o que motiva que os pais o encaminhem aos estudos eclesiásticos, ordenando-se sacerdote aos 19 anos.
Para poder freqüentar os estudos, o jovem estudante dá aulas particulares aos filhos de um juiz em Pouy, o sr. Commet, pois que seu pai não tem condições para ajudá-lo.
Mais tarde, em Tolosa, leciona aos filhos de algumas famílias da nobreza, a fim de manter os seus estudos de Teologia e a estadia, merecendo o título de bacharel, pela Universidade, no ano de 1604.
No ano 1610, a rainha Margarida, ex-esposa do rei Henrique IV, admite Vicente entre seus esmoleres, ou seja, encarrega-o de distribuir as esmolas. Afetuoso, visita os doentes, abranda as desavenças, dissipa as dúvidas, instrui na fé os empregados e a todos presta incontáveis serviços.
Contudo, Vicente vive no mundo dos grandes e dos ricos. Esmoler da rainha Margarida e protegido da senhora De Gondi, até o dia que opta por se dedicar à instrução e ao serviço dos camponeses, sendo-lhe designada a paróquia de Châtillon, uma das mais problemáticas e desleixadas da região.
Num domingo, ele recebe as notícias de uma família miserável que está a morrer. Estão todos doentes. Instados pelo seu sermão, os paroquianos se dirigem à casa da família e prestam auxílio.
O cérebro de Vicente fervilha: “Eis aqui uma grande caridade,” pensa, “mas está mal organizada.”
Idealiza, portanto, a criação de uma Associação, e, no dia 20 de agosto de 1617, com sua iniciativa nasce uma associação de mulheres, com o objetivo de visitar, alimentar e prestar aos enfermos todos os cuidados indispensáveis: a Confraria da Caridade. As pessoas que a compõem chamam-se Servas dos Pobres ou Damas da Caridade.
Em 1620, Vicente institui a Caridade dos Homens. As mulheres se dedicam aos doentes, os homens devem se dedicar aos velhos, viúvas, órfãos, prisioneiros.
Homem de visão, Vicente de Paulo orienta as Confrarias, incentivando a organização de cooperativas agrícolas, ensinando novos métodos de cultivo da terra, implantando, nas cidades, pequenas manufaturas para produzirem objetos de uso na região e, finalmente, criando centros de aprendizagem onde as crianças indigentes possam receber educação cristã e aprender uma profissão, a fim de tirá-las à miséria.
Tendo estabelecido diretrizes à assistência aos camponeses, um novo campo se lhe abre. Ele é convidado a trabalhar junto aos condenados às galés. São criminosos e delinqüentes, que vivem amontoados em calabouços infectos, acorrentados pelo pescoço e pelos pés, cheios de vermes, revolta e desesperança.
Como poderia Vicente lhes falar das coisas espirituais? Necessário é lhes melhorar as condições, pois apodrecem vivos. O alimento é pão preto, a água é semipoluída e os golpes de chicote são constantes.
Interfere Vicente junto ao general das galeras, Manuel de Gondi e consegue realizar sensíveis mudanças. Oferece-lhes cuidados corporais, distribui alimento entre eles, consola-os, fala-lhes de Cristo e do Evangelho, chama-os de “meus filhinhos”.
Vicente ama. Por isso, mostra-se incansável na descoberta das misérias humanas de ordem material e espiritual, estendendo socorro pessoalmente e ou enviando as Damas da Caridade a hospitais, prisões, asilos, escolas, às ruas.
Amigo de Francisco de Sales, bispo de Genebra (Suíça), decide fundar uma Companhia que tenha por herança os pobres e que se dê inteiramente aos pobres, o que se concretiza em 1625.
Vicente é mestre na arte de conquistar corações. Consegue apoio de muitos nobres e ricos para atender os seus pobres. Tem amigos como a rainha Ana da Áustria que lhe manda ajuda material durante o longo período da guerra, que assolou a França, sustenta a obra das crianças expostas (abandonadas); Maria, duquesa de Aiguillon, que o auxilia em todas as suas obras caritativas; o rei Luís XIII, que visita e assiste os doentes, apoia e incentiva com bens materiais inúmeras obras vicentinas; Luísa de Marillac, que se torna excepcional trabalhadora, visitando e coordenando as diversas Confrarias da Caridade espalhadas ao redor de Paris.
Desde os 35 anos de idade, Vicente conhece o trabalho da doença em sua própria carne. As pernas e pés incham. Chegará um tempo, 1645, em que já sente dificuldade para se manter a cavalo, para a realização das suas viagens.
Aos 74 anos necessita ficar encerrado por longos dias em seu quarto, enquanto a febre se instala em seu corpo. Com dificuldade e o auxílio de uma bengala, consegue dar alguns passos. Contudo, dotado de indomável energia, ele profere palestra, todas as manhãs aos seus discípulos, demonstrando serenidade e lucidez, apesar das dores atrozes que o atormentam.
Diante da morte iminente, brinca: “Em breve enterrarão o miserável corpo deste velho, e se transformará em cinzas e o pisarão com os pés.”
Então, em 27 de setembro de 1660, antes que o sol se levante, sentado numa poltrona, perto do fogo, Vicente desencarna.
Era um pouco antes das cinco horas da manhã, hora em que habitualmente Vicente se punha em oração.
Os pobres, mais do que ninguém, lastimam a morte do seu benfeitor e amigo, seu pai.
Referindo-se a ele, o espírito de Francisco de Paula Vítor, pela psicografia de Raul Teixeira, escreve: “Verdadeira luz a brilhar, no seio do séc. XVII, seus exemplos de dedicação e fidelidade ao Mestre Jesus contagiam inumeráveis corações que, depois dele, investem tempo e vida aos serviços portentosos em prol da instalação do reino dos céus na Terra.”
E esta figura ímpar, se faz presente como um colaborador do Consolador Prometido, assinando as respostas às questões de número 888, 888a em O livro dos espíritos, onde igualmente assina, junto com outros espíritos eminentes, Prolegômenos; nas mensagens de nº XX e XXVI do cap. XXXI de O Livro dos Médiuns e o item 12 , do cap. XIII de O evangelho segundo o espiritismo. Nesta mensagem, especialmente, é que derrama o perfume do seu coração, externando: “A caridade é, em todos os mundos, a eterna âncora de salvação; é a mais pura emanação do próprio Criador (…)”.

Fonte: Duarte, Luiz Miguel. Vicente de Paulo, servidor dos pobres. Ed. Paulinas.
Teixeira, J. Raul/espírito de Francisco de Paula Vítor. Ed Fráter. cap. 8

Um Espírito Amigo

Um Espírito Amigo

Desta forma, são assinadas duas mensagens em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no cap. IX, item 7 (A paciência) e cap. XVIII, item 15 (Dar-se-á àquele que tem).
Convidada pelos espíritos superiores a integrar a equipe do Espírito de Verdade, que traria à Terra a Terceira Revelação, em verdade, iniciou sua trajetória cristã nos tempos primeiros da Boa Nova.
Chamava-se então Joana, esposa de Cusa, intendente de Ântipas. Ouvindo Jesus, encanta-se pela mensagem. especialmente por ser uma mulher que sofria, conforme nos relata pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, o espírito Humberto de Campos, pela indiferença do marido.
Vestindo-se de forma simples, para não ser percebida, embora não deixasse de o ser, Joana de Cusa em meio ao povo, nas pregações do lago, ouvia atentamente o meigo Rabi. Absorve-lhe os ensinos e os segue.
Após a morte do esposo, necessita prover a sua e à subsistência do filho. Torna-se serva em casa de família abastada que mais tarde se transferiria para Roma, levando ambos.
Foi ali em uma tarde de agosto do ano 68 d.C. que Joana de Cusa foi martirizada com seu filho e mais de quinhentos cristãos, que tiveram seus corpos queimados de tal forma que as chamas iluminaram a cidade.
Quando, no século XII, o Sol de Assis brilhou entre os homens, Joana retornou à terra tomando vestes femininas outra vez e servindo em uma das ordens fundadas por Clara de Assis.
No século XVII ela reaparece no cenário do mundo, para mais uma vida dedicada ao Bem. Renasce em 1651, em uma cidadezinha a 81km da cidade do México, San Miguel Nepantla e recebe o nome de Juana de Asbaje y Ramirez de Santillana.
Aos três anos, aprende a ler. Aos cinco, faz versos. Aos treze anos, está na corte mexicana, tão pomposa e brilhante quanto a corte européia e ali mostraria seus dotes literários, escrevendo poemas de amor, ensaios e peças teatrais, que até hoje são citados e representadas em programas de rádio e TV.
Como sua sede de saber fosse mais forte que a ilusão de brilhar na Corte, ingressou no Convento das Carmelitas Descalças e, mais tarde, transferiu-se para a Ordem de São Jerônimo da Conceição, tomando o nome de Sóror Juana Inés de la Cruz.
Ficou conhecida como a Monja da Biblioteca, intercambiando conhecimentos e experiências com intelectuais europeus e do Novo Mundo. Estudava, escrevia poemas, ensaios, dramas, peças religiosas, cantos de Natal e música sacra. Criou fama como pintora miniaturista, fez-se competente em teologia moral, dogma, medicina, astronomia e direito canônico.
Aprendeu o latim e o português.
Morreu em 1695, aos 44 anos de idade, durante uma epidemia de peste na região, após socorrer durante dias inteiros as suas irmãs religiosas enfermas.
Sessenta e seis anos após, ela renasceu na cidade do Salvador (BA), como Joana Angélica.
Ingressando no Convento da Lapa, como franciscana, atestando o seu “amor de ternura infinita por aquele que é o irmão da natureza” (2), tomou o nome de Sóror Joana Angélica de Jesus.
Foi a conselheira que, na calada da noite, deixava sua cela e se dispunha a ouvir e aliviar as dores dos corações sofridos de muitas daquelas mulheres, simplesmente trancadas no convento, por decisão familiar e que traziam a tormenta na alma desejosa de viver de outra forma.
Em 1815 tornou-se Abadessa do Convento e, no dia 20 de fevereiro de 1822, morreu “defendendo corajosamente o Convento, a casa do Cristo, assim como a honra das jovens que ali moravam(…)”(2) , sendo “(…) assassinada por soldados que lutavam contra a Independência do Brasil.”(2) Tinha 61 anos de idade.
No dia 5 de dezembro de 1945, esse espírito amigo iniciou a orientar, inspirar e manifestar-se mediunicamente através de Divaldo Pereira Franco. Em 1949, iniciaria seu trabalho de ensaio psicográfico junto ao médium. Várias das suas mensagens figuraram nas páginas da revista “O Reformador” da Federação Espírita Brasileira, em 1956, todas assinadas por “Um espírito amigo”. Nesse mesmo ano, ela se revelaria como Joanna, e passaria a se assinar Joanna de Ângelis, brindando-nos com sua primeira obra psicografada em 1964, Messe de Amor. Depois dessa, sua produção tem sido incessante.
Por sua iniciativa, criou-se na Bahia, uma cópia imperfeita da Comunidade onde ela estagia no Plano Espiritual, dando origem à Mansão do Caminho, iniciada em 1947.
É esse espírito amigo que nos exorta na última mensagem da sua obra “Após a tempestade”: “(…) E unidos uns aos outros, entre os encarnados e com os desencarnados, sigamos.
Jesus espera: avancemos.”

Fonte: 1. Boa Nova, Humberto de Campos/ Francisco Cândido Xavier.
2. A veneranda Joanna de Ângelis, Celeste Santos e Divaldo P. Franco

Timóteo

Timóteo

Junto ao espírito Erasto, ele disserta no item 225 de O livro dos médiuns, acerca do papel do médium nas comunicações.
Dá-nos “Atos dos Apóstolos” a informação de que ele era filho de uma mulher judia e de pai gentio. Na obra psicografada por Francisco Cândido Xavier, “Paulo e Estevão”, contudo, o espírito Emmanuel é pródigo em detalhes a respeito desse a quem Paulo de Tarso chamava de “amado filho na fé”. (2)
Quando Paulo chegou a Listra foi à casa de Lóide, recomendado pelo irmão daquela, que residia em Icônio. Viúva de um grego abastado, ela vivia em companhia de sua filha Eunice, também viúva e o neto adolescente de 13 anos.
Recebidos Paulo e Barnabé, com inexcedível carinho, em casa de Lóide, naquela mesma noite o apóstolo tarsense pôde observar a ternura com que o rapazola fazia a leitura dos pergaminhos da Lei de Moisés e dos Livros Sagrados dos Profetas. Ao ouvir falar a respeito de Jesus, Timóteo, inteligente e de generosos sentimentos, demonstrou grande interesse, o que levou Paulo a acariciar-lhe a fronte pensativa, várias vezes.
No dia seguinte, o rapaz passou a fazer inúmeras interrogações e, enquanto ele cuidava das cabras, Paulo aproveitou para conversar longamente a respeito da Boa Nova de que era portador. Alguns dias depois, Paulo fundou na cidade o primeiro núcleo do Cristianismo, em humilde casa. O pequeno Timóteo era quem auxiliava em todos os misteres, na recepção dos enfermos e demais necessitados, na ordem, na disciplina.
Em uma das pregações públicas, Timóteo assistiu aterrado o amigo querido ser apedrejado pela população, incitada pelos administradores da pequenina cidade. Desejou intervir, salvando-o, mas prudentemente foi detido por companheiro ponderado que lhe fez ver a inconveniência de se expor, sem nada verdadeiramente poder fazer ante a multidão enfurecida e muito bem conduzida por mentes ardilosas.
No entanto, é ele mesmo que, após acompanhar por vielas extensas, a turba exaltada depositar o corpo do Apóstolo no monturo, distante dos muros de Listra, se aproxima, na sombra da noite para socorrê-lo. Dispensa-lhe os primeiros socorros, buscando água fresca em poço próximo. Depois, banhado em lágrimas, fica ao seu lado, aguardando que desperte do profundo desmaio.
Timóteo, oportunamente, passaria a acompanhar Paulo de Tarso em suas viagens, desejoso de se consagrar ao serviço de Jesus, iluminando o seu coração e a sua inteligência. A caminho da Macedônia, separaram-se ele e Lucas de Paulo, a pedido daquele, tornando a se encontrarem mais tarde.
Para as viagens apostólicas, a fim de evitar as tricas judaicas e eventualmente provocar atritos nas suas tarefas iniciais, Timóteo submeteu-se, a conselho do próprio Paulo, à circuncisão, demonstrando a capacidade de ajustar-se ao que fosse necessário para servir a Jesus.
Timóteo é convidado pelo apóstolo de Tarso a estar com ele, quando da redação das suas famosas epístolas, “cuja essência espiritual provinha da esfera do Cristo”(1), e que não serviram somente para a comunidade para a qual foram escritas, mas à cristandade universal.
Esteve com Paulo em Roma, quando este foi prisioneiro dos romanos. Seguiu-o até a Espanha, junto com Lucas e Demas. Demorou-se mais na região de Tortosa, visitou parte das Gálias, auxiliando na conquista de novos corações para o Cristo e multiplicando os serviços do Evangelho. Afeiçoado a Paulo, Timóteo foi por ele encarregado em mais de uma oportunidade, a levar mensagens para as comunidades cristãs nascentes. Assim, da Espanha partiu para a Ásia, carregado de cartas e recomendações amigas.
Quando Paulo de Tarso retornou a Roma, a pedido de Simão Pedro, escreveria tomado de singulares emoções as últimas disposições ao filho do coração, Timóteo: “Apressa-te a vir ter comigo. (…) Só Lucas está comigo. (…) Quando vieres, traze contigo a capa que deixei em Trôade em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos. (…) Apressa-te a vir antes do inverno. (…)”(2)
Roga ainda os seus bons ofícios para que João Marcos venha a Roma, a fim de o auxiliar no serviço apostólico. Lucas é o encarregado de expedir a Epístola e percebe os lúgubres pressentimentos que tomam de assalto o velho Apóstolo.
Em verdade, Timóteo não chegou a rever Paulo na vida física, mas guardou n’alma as suas últimas exortações: “Foge das paixões da juventude, segue a justiça, a fé, a esperança, a caridade e a paz com aqueles que invocam o Senhor com um coração puro.(…)”
“Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que está em Jesus-Cristo; e o que ouviste de mim, diante de muitas testemunhas, confia-o a homens fiéis, que sejam capazes de instruir também a outros.(…)”
“Esforça-te por te apresentares a Deus digno de aprovação, como um operário que não tem de que se envergonhar, que distribui retamente a palavra da verdade. (…)”

Fonte: 1.XAVIER, Francisco Cândido. Pelo espírito Emmanuel. Paulo e Estevão, cap. IV a X
2.Bíblia Sagrada – I Epístola a Timóteo
3.Bíblia Sagrada – II Epístola a Timóteo
4.Bíblia Sagrada _ Atos dos Apóstolos

Sócrates

Sócrates

Seu nome em grego é Sokrátes. Sua cidade natal foi Atenas, no ano de 469 a.C., tendo nascido filho de um escultor, de nome Sofronisco e de uma parteira, Tenarete.
Fisicamente, era considerado feio, com seu nariz achatado, olhos esbugalhados, uma calva enorme, rosto pequeno, estômago saliente e uma longa barba crespa.
Casou-se com Xantipa e teve três filhos mas dizem que trabalhava apenas o necessário para que a família não viesse a perecer à fome.
Tendo sido proclamado pelo oráculo de Delfos, como o mais sábio dos homens, Sócrates passou a se incumbir de converter os seus concidadãos à sabedoria e à virtude. Considerava-se protegido por um “daimon”, gênio, demônio, espírito, cuja voz, afirmava, desde a infância, o aconselhava a se afastar do mal.
Não tinha propriamente uma escola, mas um círculo de familiares, discípulos com os quais se encontrava, de preferência, no ginásio do Liceu. Em verdade, onde quer que se encontrasse, na casa de amigos, no ginásio, na praça pública, interrogava os seus interlocutores a respeito das coisas que, por hipótese, deveriam saber, fossem eles um adolescente, um escravo, um futuro político, um militar, uma cortesã ou sofistas.
Desta forma, conclui que eles não sabem o que julgam saber e, o que é mais grave, não sabem que não sabem. Por sua vez, ele, Sócrates, não sabe mas sabe que não sabe.
Era considerado um homem corajoso e de muita resistência física. Todos se recordavam de como ele, sozinho, enfrentara a histeria coletiva que se seguira à batalha naval de Arginusas, quando dez generais foram condenados à morte por não terem salvo soldados que estavam a se afogar.
Ele ensinava que a boa conduta era aquela controlada pelo espírito e que as virtudes consistiam na predominância da razão sobre os sentimentos. Introduziu a idéia de definir os termos, pois, “antes de se começar a falar, era preciso saber sobre o que é que se estava falando.”
Para Sócrates, a virtude supõe o conhecimento racional do bem. Para fazer o bem, basta, portanto, conhecê-lo. Todos os homens procuram a felicidade, quer dizer, o bem, e o vício não passa de ignorância, pois ninguém pode fazer o mal voluntariamente.
Foi denunciado como subversivo, por não acreditar nos deuses da cidade, e também corruptor da mocidade. Não se sabe exatamente o que os seus acusadores pretendiam dizer, mas o certo é que os moços o amavam e o seguiam. O convite a pensar por si mesmos atraía os jovens e talvez fosse isso que temessem pais e políticos. Ocorreu também que um dos seus discípulos, de nome Alcibíades, durante a guerra com Esparta tinha se passado para o lado do inimigo. Embora a culpa não fosse de Sócrates, pois a decisão fora pessoal, Atenas buscava culpados.
Foi julgado por um tribunal popular de 501 cidadãos e condenado à morte. Poderia ter recorrido da sentença e, com certeza, receber uma pena mais branda. Entretanto, racional como era, afirmou aos discípulos que o visitaram na prisão:
“Uma das coisas em que acredito é no reinado da lei. Bom cidadão, como eu tantas vezes vos tenho dito, é aquele que obedece às leis de sua cidade. As leis de Atenas condenaram-me à morte, e a inferência lógica é que, como bom cidadão, eu deva morrer.”
É Platão quem descreve a morte do seu mestre, no diálogo Fédon. Sócrates passou esta noite a discutir filosofia com seus jovens amigos. O tema, “Haverá uma outra vida depois da morte?”
Embora fosse morrer em poucas horas, discutiu sem paixão sobre as probabilidades de uma vida futura, ouvindo mesmo as objeções dos discípulos que eram contrários à sua própria opinião.
Quando o carcereiro lhe apresentou a taça de veneno, em tom calmo e prático, Sócrates lhe disse:
“Agora, você que entende dessas coisas, diga-me o que fazer.”
“Beba a cicuta, depois levante-se e passeie até sentir as pernas pesadas, respondeu o carcereiro. Então, deite-se, e o torpor subirá para o coração.”
Sócrates a tudo obedeceu. Como os amigos chorassem e soluçassem muito, ele os censurou. Seu último pensamento foi de uma pequena dívida que havia esquecido. Afastou a coberta que lhe haviam colocado sobre o rosto e pediu:
“Crito, devo um galo a Esculápio…Providencie para que a dívida seja paga.”
Fechou os olhos e cobriu novamente o rosto. Quando Crito tornou a lhe indagar se tinha outras recomendações a fazer, ele não mais respondeu. Havia penetrado o mundo dos espíritos. Era o ano 399 a .C.
Sócrates nada escreveu e sua doutrina somente nos chegou pelos escritos de seu discípulo Platão. Ambos, mestre e discípulo, são considerados precursores da idéia cristã e do espiritismo, tendo o Codificador dedicado as páginas da introdução de O Evangelho segundo o Espiritismo para esse detalhamento.
O nome de Sócrates se encontra especialmente em Prolegômenos de O livro dos Espíritos, logo após o de O Espírito da Verdade, seguido de Platão. Ainda encontramos seus comentários aos itens 197 e 198 de O livro dos Médiuns, no capítulo que trata dos médiuns especiais, demonstrando que o trabalhador verdadeiro não cessa suas atividades, embora a morte do corpo fisico e de que, afinal, somos verdadeiramente uma só e única família universal: espíritos e homens , envidando esforços para o atingimento da Perfeição.

Fonte: Enciclopédia Mirador Internacional, vol. 19;
Grandes vidas, grandes obras, Seleções do Reader’s Digest, 1968

Santo Agostinho

Santo Agostinho

Agostinho nasceu a 13 de novembro de 354, em Tagaste, pequena cidade da atual Argélia. Na cidade natal transcorreram sua infância e juventude, um ambiente limitado de um povoado perdido entre montanhas.
Talhado para a oratória, ele lê e decora trechos de poetas e prosadores latinos. Aprende elementos de música, física e matemática.
Em Cartago fez seus estudos superiores e ali também entrou em contato com a alegria e esplendor das cerimônias em honras aos deuses protetores do Império.
Embora seja descrito como um jovem ponderado, dedicado aos livros, ele confessa que “amar e ser amado era uma coisa deliciosa”. Ele passou a viver com uma mulher a quem foi fiel, tendo se tornado pai em 373, com apenas 19 anos. Seu filho, de nome Adeodato, morreria aos 17 anos.
Desejava se destacar na eloqüência, confessa, por orgulho. Desejava ser o melhor. Um livro de Cícero o alerta que “a verdadeira felicidade reside na busca da sabedoria.”
Retorna à sua cidade natal e se dedica ao ensino, por treze anos, depois ensina em Cartago e Roma. Dedicou-se ao estudo das Escrituras, contudo, achou seu estilo tão simples que se desiludiu e o abandonou.
Em Milão parecia ser um homem feliz: pago pelo Estado, personagem quase oficial (ocupava a cátedra da eloqüência), respeitado como professor. No entanto, ele se mostra inquieto. Busca a verdadeira alegria e não a encontra.
Afeiçoou-se ao maniqueísmo, doutrina do profeta persa Mani. Após 12 anos, insatisfeito com as respostas que a doutrina não lhe dava, recomeça a ler os Evangelhos e assistir os sermões do bispo Ambrósio, que o recebeu como um pai.
Uma canção infantil, na voz cristalina de uma criança que insiste “Toma, lê”, faz com que ele procure o livro a respeito de São Paulo e retorne em definitivo ao cristianismo.
Sua vida daquele momento em diante seria meditar, escrever livros, discursar. Em 391, é chamado a Hipona, um grande centro comercial de cerca de 30.000 habitantes. Cinco anos depois seria sagrado bispo auxiliar de Hipona.
Grande era a luta, à época contra as chamadas heresias. Agostinho, sempre orador oficial, nos sínodos e concílios em Cartago nunca esquece que “mais valioso que a palavra é o amor fraterno… Os olhos dos doentes queimam, por isso são tratados com delicadeza… Os médicos são delicados até com os doentes mais intolerantes: suportam o insulto, dão o remédio, não revidam as ofensas.”
As palavras que mais aparecem em seus escritos são amor e caridade. Por vezes, desenvolvendo uma idéia interrompe seu raciocínio para deixar escapar gritos de amor a Deus: “Ó Senhor, amo-Te. Tu estremeceste meu coração com a palavra e fizeste nascer o amor por Ti. Tarde Te amei, ó Beleza tão amiga e tão nova, tarde Te amei… Tocaste-me, e ardo de desejo de alcançar a Tua paz.”
Duas vezes por semana falava na Igreja da Paz. Certa vez, discorrendo a respeito de São João se entusiasmou de tal forma que pregou durante cinco dias consecutivos, sempre aplaudido.
Mas, dizia: “Vossos louvores são folhas de árvores; gostaria de ver os frutos.” Tal era a admiração que tinham por Agostinho, que chegaram a acreditar que ele fosse capaz de produzir curas e lhe levavam doentes.
“Se eu tivesse poder para curar”, dizia, “curaria a mim mesmo”.
A doença que o tomou durou poucos dias. Percebendo que se avizinhava a morte, pediu que o deixassem a sós, para orar.
Morreu na noite de 28 para 29 de agosto de 430, aos 76 anos. Não deixou testamento, mesmo porque não tinha bens.
Os pintores medievais o retratam com o livro na mão e o coração em chamas. O livro simboliza a ciência, o coração inflamado, o amor. Sabedoria e amor foram os seus dons inseparáveis.
Interessante anotar que embora seja sempre retratado com muita pompa e luxo, mesmo como bispo ele se recusava a usar o anel e a mitra.
Esse espírito foi convidado a participar da equipe do Espírito da Verdade e suas ponderações podem ser encontradas em vários momentos da Obra Kardeciana, entre eles em O livro dos espíritos (prolegômenos, resposta às questões 495, 919 e 1009), O evangelho segundo o espiritismo (cap. III, itens 13 e 19; cap. V, item 19; cap. XII, itens 12 e 15; cap. XIV, item 9; cap. XXVII, item 23), O livro dos médius (cap. XXXI, dissertações de número 1 e XVI – Acerca do espiritismo / Sobre as sociedades espíritas).

Fonte: Grandes personagens da História Universal, vol. 1 (Abril Cultural);
O livro dos espíritos;
O evangelho segundo o espiritismo;
O livro dos médiuns.

Sanson

Sanson

Sanson, ex-membro da Sociedade Espírita de Paris _ eis a forma como o espírito se identifica, assinando a mensagem Perda de pessoas amadas. _ Mortes prematuras (O evangelho segundo o espiritismo, cap. V, item 21), bem assim a que se encontra inserida no cap. XI, item 10 da mesma obra, e que disserta a respeito de A lei de amor, ambas datadas do ano 1863.
Sanson era membro da Sociedade Espírita de Paris e desencarnou no dia 21 de abril de 1862, “após mais de um ano de sofrimentos cruéis”, conforme nos informa o Codificador na Revista Espírita do mês de maio do mesmo ano. Quase dois anos antes, o sr. Sanson dirigira a Kardec, na qualidade de Presidente da dita Sociedade, uma carta onde solicitava que, após a sua morte, fosse evocado e o mais imediatamente possível. Isto fazia, reafirmando um desejo que expressara “há cerca de um ano”. O seu era o propósito de, através “dessa espécie de autópsia espiritual” servir no além-túmulo, “dando-lhe os meios de estudar fase por fase, nessas evocações, as diversas circunstâncias que se seguem ao que o vulgo chama a morte”.
Recomendando-se às preces dos companheiros da Sociedade Espírita de Paris, discorre ainda, na mesma missiva, sobre sua preocupação com respeito à escolha e oportuno momento de sua próxima reencarnação.
Allan Kardec compareceu, com alguns membros da Sociedade ao local onde se encontrava o corpo do sr. Sanson e ali, uma hora antes do enterro, deu-se a sua primeira comunicação, onde demonstrou plena ciência de sua situação, afirmando que após 8 horas de sua morte, recobrara a lucidez das suas idéias. O médium que serviu de intermediário foi o sr. Leymarie, que jamais tinha visto o sr. Sanson e desconhecia o seu caráter, os seus hábitos e muito menos sabia se ele tinha filhos, o que na mensagem é mencionado, provando a sua autenticidade, onde o espírito “se revela pelo seu lápis”.
À beira do túmulo, Allan Kardec discursa, apresentando o sr. Sanson como um homem de bem em toda a extensão do vocábulo. Diz ainda que ele era dotado de uma inteligência incomum, desenvolvida por uma instrução variada e profunda. Simples nos seus modos de vida, aplicava a sua atividade intelectual em pesquisas e invenções muito engenhosas que, no entanto, não lhe trouxeram resultados.
“Era um desses homens que jamais se aborrecem, porque sempre estão pensando em algo de sério. Conquanto sua posição o tivesse privado daquilo que faz a doçura da vida, seu bom humor jamais se alterava.”
A crença espírita o ajudou a suportar os “longos e cruéis padecimentos com uma paciência e uma resignação muito cristãs. Não há um só dentre nós”, prossegue o Codificador, “que o tendo visto em seu leito de dor não se tenha edificado com a sua calma e a sua inalterável serenidade. Desde muito tempo ele previa o seu fim; mas, longe de se apavorar, o esperava como a hora da libertação. Ah! é que a fé espírita dá, nesses momentos supremos, uma força da qual só se dá conta quem a possui. E o sr. Sanson a possuía em grau supremo.”
Nos dias 25 de abril e a 2 de maio do mesmo ano de 1862, outras duas palestras ocorrem, em que, ainda servindo como médium o sr. Leymarie, o espírito Sanson responde as questões mais delicadas da situação do espírito após a morte física, dizendo-se “muito feliz por me tornar útil aos meus antigos colegas e ao seu digno presidente”.
Nas observações do mestre lionês, as palestras propiciam “um elevado ensino na descrição que ele faz do próprio instante da transição” e salienta “que nem todos os Espíritos seriam aptos a descrever esse fenômeno com tanta lucidez quanto ele. O sr. Sanson viu na sua morte o seu próprio renascimento, circunstância pouco comum e que devia à elevação de seu Espírito.”

Fonte: Kardec, Allan. O evangelho segundo o espiritismo, FEB, 1987.
Kardec, Allan. Revista espírita, EDICEL. Maio e Junho de 1862.

Samuel Hahnemann

Samuel Hahnemann

Christian Friedrich Samuel Hahnemann nasceu em 10 de abril de 1755, em Meissen, na Saxônia. Seus pais lhe deram o nome de Christian, seguidor de Cristo; Friedrich, protegido do rei; Samuel, Deus me escutou, em sinal de reconhecimento a Deus.
Seu pai era pintor de porcelana e ele mesmo foi preparado para seguir a carreira paterna. Desta forma, aprendeu na Escola várias línguas estrangeiras: inglês, francês, espanhol, latim, árabe, grego, hebreu e caldeu, além da língua nacional. O objetivo era poder, no futuro, comercializar em outros países a porcelana.
Mas, o seu destino seria outro. Foi estudar Medicina em Leipzig e Viena. Por ser pobre, sustentava-se fazendo traduções, e assim entrando em contato com obras sobre doutrinas existenciais.
Em 1812, era docente da Universidade de Leipzig. Contudo, na carreira médica se mostrava inquieto por não conseguir bons resultados na cura dos enfermos que tratava. Seus amigos diziam que ele sonhava, que tudo que almejava era utopia. “O homem é limitado mesmo, limitados também seus conhecimentos.”
Finalmente, aos 36 anos, após a morte de um amigo que cuidava clinicamente, resolve abandonar a medicina. Adentra o seu consultório e avisa a seus pacientes que não mais os atenderá. Se os não pode curar, de que vale a sua ciência! E despede a todos.
Está profundamente desanimado. Para sobreviver e sustentar a família, trabalha em traduções, mais especialmente na área da química e da farmacologia.
Fazendo a tradução de uma obra de um médico escocês William Cullen, no ano de 1790, surpreende-se com a descrição das propriedades do quinino. Chama-lhe a atenção, em especial, o fato de que a intoxicação pelo quinino tinha sintomas
semelhantes aos da enfermidade natural da febre intermitente.
Ele próprio passou a ingerir doses de quinino, comprovando que os resultados eram semelhantes à febre combatida por aquele produto.
Repetiu a experiência com outras drogas, como o mercúrio, a beladona, a digital, sempre no homem sadio, concluindo por elaborar a doutrina homeopática, resumida na expressão : “similia similibus curantur”, ou seja, sintomas semelhantes são curados por remédios semelhantes.
Já no ano de 1796, suas observações foram divulgadas. Observações que passariam a compor sua mais importante obra: O Organon, publicado em 1810, onde explica seu sistema e cria a Homeopatia. Depois, publicaria Ciência Médica Pura e Teoria e tratamento homeopático das doenças crônicas.
Nos princípios homeopáticos estabelece-se que toda substância que, em dose ponderável, é capaz de provocar no indivíduo são um quadro sintomático, também tem capacidade de o fazer desaparecer, com administração em pequenas doses. Também que a preparação dos medicamentos requer diluições infinitesimais, pois que elas teriam a capacidade de desenvolver as virtudes medicinais dinâmicas das substâncias grosseiras.
Desde os primeiros momentos, Hahnemann sofreu acirrada campanha contrária ao que expunha, em especial dos farmacêuticos, pelo que muito padeceu.
Somente em 1835, já com seus 80 anos, viúvo, foi procurado por uma jovem que o buscou em sua cidade como último recurso médico e foi por ele curada. Eles se consorciam e ela o leva para Paris, onde finalmente obtém geral reconhecimento.
Foi em Paris que ele desencarnou a 2 de julho do ano de 1843, 14 anos antes de vir a lume O livro dos Espíritos e nascer, portanto, a Doutrina Espírita.
Compondo a equipe espiritual responsável pela Codificação, deu seu contributo particularmente em O evangelho segundo o espiritismo, cap. IX, Bem-aventurados os que são brandos e pacíficos, onde assina a mensagem do item 10, tratando das virtudes e dos vícios que são inerentes ao Espírito. A mensagem foi dada em Paris, no ano de 1863.
À guisa de curiosidade somente, no mesmo ano, a 13 de março, na Sociedade Espírita de Paris, tendo como médium a sra. Costel, Hahnemann dissertou a respeito do estado da ciência à época, em resposta a um médico homeopata estrangeiro, presente à sessão. Dita dissertação se encontra no volume sexto da Revista Espírita.

Fonte: 1.Enciclopédia Mirador Internacional, vol 11, verbetes: Hahnemann e
Homeopatia; 2.Internet, verbete Hahnemann.

Platão

Platão

É pelos frutos que se conhece a árvore. Toda ação deve ser qualificada pelo que produz: qualificá-la de má, quando dela provenha mal; de boa, quando dê origem ao bem.”
Estas palavras bem podem soar, para quem já leu o Evangelho, como palavras textuais do Senhor Jesus.
Contudo, foram anotadas e dadas ao mundo séculos antes de Jesus, por Platão, filósofo grego, discípulo de Sócrates. Seu nascimento data do ano 428 ou 427 a C, na cidade de Atenas, na Grécia.
Pertencente à alta aristocracia, em torno dos seus 20 anos, conheceu e tornou-se amigo do filósofo Sócrates, a quem acompanhou até os seus últimos dias e de quem anotou os ensinos, graças ao que nos chegaram aos dias atuais.
Empreendeu viagem ao Egito e à Itália meridional. Na Sicília freqüentou a corte de um tirano de Siracusa de nome Dionísio. Desejando influir na política da cidade, terminou por se incompatibilizar com Dionísio, que o mandou vender como escravo, na ilha de Egina, que se achava em guerra com Atenas.
Resgatado, retornou para sua cidade natal onde, em torno dos seus quarenta anos, fundou a Academia, na qual ensinou até o final dos seus dias terrenos.
Fácil de se entender porque ele e Sócrates são considerados precursores da idéia cristã e do Espiritismo, bastando se leiam alguns dos seus escritos. A obra kardequiana O evangelho segundo o Espiritismo apresenta pequenos trechos que se referem ao conceito dos dois filósofos gregos a respeito da alma, seu progresso, a reencarnação, o mundo espiritual e seus habitantes, bem assim a respeito das mais excelsas virtudes, exatamente traçando um paralelo entre aquelas idéias, as do Cristo e, por conseqüência, os princípios fundamentais do Espiritismo.
Considerado um dos filósofos mais influentes de todos os tempos, pois que seu pensamento dominou a filosofia cristã antiga e medieval, seus escritos nos legaram o pensamento socrático, bem assim os relatos comoventes dos últimos dias de seu mestre. Criador pessoal ainda do diálogo filosófico, espécie de drama de idéias.
Sua obra O Banquete é considerada uma das maiores da literatura antiga. Como poeta, seu estilo é o ponto mais alto da prosa grega e o demonstra nos seus poemas em prosa do mito da Caverna, da Atlântida e de Eros.
Escreveu ele “O amor está por toda parte em a Natureza, que nos convida ao exercício da nossa inteligência; até no movimento dos astros o encontramos. É o amor que orna a Natureza de seus ricos tapetes; ele se enfeita e fixa morada onde se lhe deparem flores e perfumes. É ainda o amor que dá paz aos homens, calma ao mar, silêncio aos ventos e sono à dor.”
As obras de Platão discorrem sobre a mentira, a natureza do homem, a piedade, o dever, o belo, a sabedoria, a justiça, a coragem, a amizade, a virtude. No livro VII da República, ele apresenta o célebre mito da caverna: acorrentados no interior de um cárcere subterrâneo e de costas voltadas para a entrada por onde penetra a luz, os que estão ali presos somente podem ver dos homens, dos animais e de tudo o mais que se encontre no exterior da caverna, as sombras que se projetam no fundo dela.
Um homem que consegue se libertar, ofusca-se com a luz do sol no exterior e descobre que tudo o que vira até então era a irrealidade. Ali estava o mundo real. No entanto, se retornar ao interior e desejar transmitir aos demais, ainda prisioneiros, o que viu, sente que corre o risco de ser maltratado e até morto. Esta, segundo Platão, é exatamente a missão do filósofo.
Tendo desencarnado, pleno de lucidez e força criadora, aos 80 anos de idade, da espiritualidade, unindo-se a tantos outros espíritos de envergadura intelecto-moral, Platão continua na sua missão, revelando as nuances do mundo espiritual, o mundo do sol ofuscante, o mundo real, verdadeiro.
Seu nome é citado em Prolegômenos de O livro dos espíritos, bem assim assina um dos trechos da resposta à questão 1009 da mesma obra, onde falando a respeito da inexistência das penas eternas bem recorda as exortações de Sócrates, quando ao seu tempo, apresentou a alma migrando através de múltiplas existências, em seguida a mais ou menos longos períodos de erraticidade.
E conclui: “Humanidade! não mergulhes mais os teus tristes olhares nas profundezas da Terra, procurando aí os castigos. Chora, espera, expia e refugia-te na idéia de um Deus intrinsecamente bom, absolutamente poderoso, essencialmente justo.”

Fonte: l.KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Rio de Janeiro, 1974. perg. 009.
2.KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo, Rio de Janeiro, 1987. introdução.
3. Enciclopédia Mirador Internacional, vol 16, verbete: Platão.

Paulo (O Apóstolo)

Paulo (O Apóstolo)

Foi em Tarso, na Cilícia, um importante centro mercantil e intelectual do mundo romano que nasceu entre os anos 5 e 10 da Era Cristã, uma criança que, no momento da circuncisão recebeu o nome de Saulo. Seus pais, embora judeus, gozavam dos privilégios da cidadania romana. Privilégios que podiam ser conseguidos pelos habitantes das províncias de duas formas: como recompensa por serviços prestados ou pelo desembolso de vultuosa quantia.
Nos primeiros anos, ele freqüentou a Sinagoga onde aprendeu nos textos sagrados até a aritmética. Um escravo o acompanhava todos os dias, carregando-lhe a pasta com os utensílios escolares. Sentado ao chão, com as pernas cruzadas, o menino Saulo ensaiou as primeiras letras, gravando-as com um estilete de ferro sobre uma tabuinha coberta com uma camada de cera. Como a tradição prescrevia ensinar um trabalho útil às crianças, Saulo aprendeu a tecer pano de barraca, usando uma fazenda áspera e durável, entremeado com pelos de cabra.
Adolescente ainda seguiu para Jerusalém, onde se tornou discípulo do grande Gamaliel, no Templo de Salomão, preparando-se para ser um devoto rabino. Ele mesmo na Epístola aos Gálatas afirma: “… e me avantajava no judaísmo sobre muitos da minha idade e linhagem , pelo extremo zelo às tradições de meus pais.”
Ardoroso defensor de Moisés, Saulo desencadeou séria perseguição aos homens do Caminho. E considerou seu primeiro grande triunfo contra o Nazareno a lapidação do jovem Estêvão. Emmanuel descreve na obra “Paulo e Estêvão”, em detalhes, toda sua dor e vergonha, ao se dar conta que Estêvão não era outro senão o irmão da sua
amada noiva Abigail, que viria a morrer 8 meses depois.
É, no entanto, a caminho de Damasco, na Síria, levando cartas que lhe autorizavam a prender outros tantos seguidores de Jesus, que Saulo foi surpreendido, em pleno meio-dia, pela luz imensa daquele a quem perseguia.
“Saulo, Saulo, por que me persegues? “, diz-lhe a voz. Nas entrelinhas, pode-se ler: “Por que, Saulo, se és o vaso escolhido para levar a minha palavra a todas as gentes?”
Tendo vislumbrado a luz, ele se ergue da areia, onde tombara, sem visão. Seguindo a orientação dada pelo Mestre, entrou na cidade e aguardou. Ananias, em nome de Jesus, o vem retirar da sua noite de sombras.
Começou para Saulo a jornada de trabalho e o calvário das dores. Após o exílio de 3 anos, no deserto de Dan, ele retornou para pregar a Boa Nova. Aquele Jesus a quem tanto perseguira na pessoa dos seus seguidores, tornou-se seu Senhor. Quando empreendeu a viagem a Damasco ele era o orgulhoso Saulo, cujo nome significa aquele a quem se pede, solicita algo, orgulhoso. Ao se erguer, após a queda do cavalo e a visão extraordinária do Cristo, ele se ergueu transformado. Era o escravo. “Que queres que eu faça, Senhor?”, é o que roga. Por isso mesmo, haveria de trocar seu nome para Paulo, posteriormente, que significa modesto, pequeno, humilde.
Pode-se dividir o seu apostolado em três grandes viagens. Na primeira, partindo de Antioquia com Barnabé e Marcos, foi à ilha de Chipre, depois à Panfília e à Pisídia. Deixou núcleos implantados em Perge, Antioquia da Pisídia, Icônio, Listra e Derme, retornando a Jerusalém.
Na segunda grande viagem, em companhia de Silas e Timóteo, atravessou a pé toda a Ásia menor, e , com Lucas chegou até a Macedônia. As pequenas igrejas foram se formando em Filipes, Tessalônica, Beréia. Ele chegou até a Grécia. Na primavera de 53, saiu de Corinto, voltou a Jerusalém e Antioquia.
Na terceira viagem percorreu a Frígia e a Galácia. Permaneceu dois anos em Éfeso, depois regressou à Macedônia e Corinto. Retornando a Jerusalém foi preso, remetido a Cesaréia e, apelando para César, chegou a Roma, depois de um naufrágio na ilha de Malta. Estima-se que ele tenha percorrido em sua longa marcha nada menos de 20.000 km a pé, ou seja, metade do comprimento da linha do Equador.
Sob a inspiração de Jesus, tendo a servir de intermediário o próprio Estêvão, na espiritualidade, Paulo escreveu as epístolas, cartas cheias de ternura aos companheiros das comunidades nascentes, também carregadas de orientações: duas aos Tessalonicenses , em Corinto, em 52-54; 1ª aos Coríntios , de Éfeso, em 57; 2ª aos Coríntios, de Filipos, em 57; aos Gálatas e aos Romanos, de Corinto, em 57; aos Filipenses, aos Efésios, aos Colossenses e a Filémon, de Roma, em 62; aos Hebreus, em 63 ou 64, da Itália; 1ª a Timóteo, em 64 ou 65, a Tito em 64 ou 65, e a 2ª a Timóteo, em 66, de Roma.
Mais de uma vez foi apedrejado, açoitado, maltratado. Padeceu fome, frio, privações. Por amor a Jesus, ele tudo aceitou e afirmou portar no corpo “as marcas do Cristo”.
Decapitado, fora dos muros de Roma, no ano de 67, por ordem do Imperador Nero, ele adentrou a espiritualidade. Quando a Terceira Revelação se apresentou na Terra, ei-lo participando da equipe do Espírito de Verdade, deixando seus palavras em O Evangelho segundo o espiritismo, nos capítulos X, item 15 (sobre o perdão, em Lyon, em 1861) e capítulo XV, item 10 (Fora da caridade não há salvação, em Paris, em 1860). Igualmente, respondendo a questão de número 1009 de O livro dos espíritos, a respeito da eternidade das penas, junto a dissertações de Santo Agostinho, Lamennais e Platão.

Fonte: 1.Paulo e Estêvão, romance de Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido
Xavier
2.Grandes personagens da história universal, vol. 1.
3.Bíblia Sagrada (O novo testamento – Epístolas)

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