Dias da Cruz

Francisco de Menezes Dias da Cruz, natural da cidade do Rio de Janeiro, filho de antecedente de igual nome (chefe do Partido Liberal no Rio e professor da Faculdade de Medicina) e de D. Rosa de Lima Dias da Cruz, nasceu a 28 de Fevereiro de 1853.
Foi professor de matemática no Colégio Pinheiro, no qual concluíra o curso de humanidades. Era, nessa época, aluno da Escola de Medicina, durante a qual contraiu núpcias com a D. Adelaide Pinheiro Dias da Cruz.
Ao formar-se em Medicina, perdeu o pai, que havia sido ferido à baioneta na Igreja do Sacramento, foi bibliotecário durante dez anos da Câmara Municipal, sendo demitido ao ser proclamada a República, sob a falsa imputação de monarquista. Presidiu o Curso Hahnemaniano e o Instituto Hahnemaniano do Brasil.
Possuidor de enorme clínica, o Dr. Dias da Cruz não fugia aos deveres da caridade, dando, assim, expansão aos seus sentimentos humanitários. Homem de grande e invulgar cultura, deixou riquíssima biblioteca. Estudioso desde a infância, preocupou-se com a ciência homeopática e, mais tarde, diante de provas irrefutáveis tornou-se espírita dos mais caridosos e evangélicos.
Tendo chegado ao seu conhecimento que o espírito de seu pai desenvolvia largo programa de caridade, através de médiuns receitistas, decidiu ele, homem austero e cultor da verdade, ir à Federação Espírita Brasileira para observar e apurar quanto de real pudesse haver em torno da informação recebida.
Iniciada a reunião com a prece habitual, passou-se ao estudo doutrinário. Até então nada ocorrera suscetível de lhe permitir aceitar a versão das manifestações atribuídas ao espírito de seu pai. Já estava propenso a acreditar em mistificação, quando, à mesa que dirigia os trabalhos, um médium demonstrou haver caído em transe. Era, afinal a tão desejada manifestação que inesperadamente se realizava. Através do médium, o espírito do primeiro Dr. Dias da Cruz pediu que chamassem seu filho, que ali se encontrava no meio dos assistentes. Surpreso, este se aproximou, incrédulo. A um dado momento, porém, seu genitor disse-lhe: “Você se lembra daquele fato que ocorreu conosco, na praça tal?”
E a seguir, revelou uma ocorrência só de ambos conhecida. Diante disto, o doutor Dias da Cruz (filho) sentiu chegada a hora de se render à inelutável evidência.
Percebeu, então, que ao seu caráter íntegro e probo só havia um caminho: aceitar a veracidade da manifestação espírita de seu genitor. E fê-lo sem constrangimento, com a simplicidade natural das almas puras. Pôs-se a estudar o Espiritismo, enfronhou-se na interpretação dos textos doutrinários e passou a ser, daí por diante, um novo e valoroso servidor do Cristo nas fileiras dos seguidores de Kardec.
Em 1885, pronuncia na Federação Espírita Brasileira a sua primeira conferência, e desde então participou de várias Comissões importantes, de defesa do Espiritismo.
Em 1890, em substituição ao Dr. Bezerra de Menezes, foi, então, o Dr. Francisco de Menezes Dias da Cruz, que anteriormente ocupara a vice-presidência, eleito presidente da Federação Espírita Brasileira, cargo que exerceu com devotamento até os primeiros dias de 1895, quando foi substituído, temporariamente, por Júlio César Leal e, definitivamente, pelo Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, seu colega de profissão e amigo.
Sob a sua presidência foram iniciados os trabalhos de socorro material e espiritual de Assistência aos Necessitados, que até hoje constituem o cerne dos serviços prestados pela Federação Espírita Brasileira.
Em 1896, por proposta de Bezerra de Menezes, e em atenção aos abnegados serviços prestados à Federação Espírita Brasileira, foi Dias da Cruz aclamado presidente honorário da mesma.
Dirigiu o Reformador durante o período da sua presidência e escreveu inúmeros artigos doutrinários e de polêmica com a assinatura modesta de “Um espírita”.
Foi quem primeiro tentou, em 1891, adquirir um prédio próprio para FEB e montar oficina tipográfica para a impressão do Reformador e de obras espíritas em geral.
Este segundo Dias da Cruz foi, portanto, vice-presidente e presidente da Federação por muitos anos, desencarnando na cidade do Rio de Janeiro, em 30 de Setembro de 1937, na avançada idade de 84 anos, após proveitoso dispêndio de energias em favor do próximo.

Livro:Grandes Espíritas do Brasil
Autor: Zêus Wantuil
Editora: Federação Espírita Brasileira

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