Mês: janeiro 2022

João Evangelista

João Evangelista

Da família Zebedeu, ou Zabdias, de um “pescador bem-sucedido e empresário de vários barcos” (4), foram escolhidos por Jesus dois apóstolos: Tiago Maior e João. A cidade era a pequena Betsaida.
Segundo Ernest Renan, “eles estavam imbuídos de energia e paixão. Jesus os havia apelidado, com graça, de `filhos do trovão’, por causa do zelo excessivo com que, muitas vezes, teriam feito uso do raio se dele pudessem dispor.” (4)
João era adolescente, portanto idealista. Com Tiago, seu irmão, e Pedro forma um comitê íntimo que se faz presente em momentos muito especiais, durante a trajetória terrena de Jesus.
Os irmãos conheciam as pregações do Batista e foi no Tiberíades, no dia em que a primavera bordava rendados pela praia, que o Rabi os convidou a participar das alegrias da Boa-Nova, transformando-se em “pescadores de homens”. (4)
Humberto de Campos, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, os descreve como “de temperamento apaixonado. Profundamente generosos, tinham carinhosas e simples, ardentes e sinceras as almas.” (3)
Magnetizados pelo olhar enérgico e carinhoso de Jesus, aderem ao sublime convite. No idealismo quente da sua juventude, João falava de seus planos de renovar o mundo, de pregar o Evangelho às nações. Sentia-se forte e bem disposto.
Mais tarde, ao derramar a cornucópia da sua saudade no seu Evangelho, ele falaria dos tantos momentos de êxtase e aprendizado com Jesus.
Ao descrever o encontro do Mestre com Nicodemus, demonstra, com certeza, ter sido testemunha ocular. Uma testemunha que talvez estivesse à porta, como quem se encontra à espreita, velando pela eventual proximidade de alguém que pudesse surpreender o esclarecedor colóquio entre o Rabi Galileu e o doutor da lei.
Quando narra o episódio das Bodas de Caná, João parece reviver o adolescente, maravilhado ante um Rabi pleno de sabedoria, que abençoa a união esponsalícia com a água lustral da Sua presença e a doçura do Seu amor.
Com Jesus, ele adentra “a casa de Jairo, o chefe da sinagoga, cuja filha se encontrava nas malhas da agonia…” (1) Há pouco, surpreendera o olhar agradecido de Verônica, a hemorroíssa, curada ao tocar o manto do Mestre.
E quando agosto “derrama sua taça de luz e calor sobre a terra” (1), ele acompanha o Rabi na íngreme subida de 562 metros até o cume do Tabor. Após as 4 horas de marcha, ele dorme junto a Pedro e Tiago. A canícula, o cansaço os vence.
Na madrugada que avança, vozes vibram no ar. A visão sublime de Jesus, com as vestes brilhantes, dialogando com Moisés e Elias, o faria mais tarde, evocando a cena inesquecível, iniciar a sua narrativa evangélica, escrevendo: “Nele estava a vida e a vida era a luz dos homens, a luz resplandecente nas trevas e as trevas não a compreenderam.” (1)
O seu Evangelho foi especialmente dirigido aos cristãos que já conheciam a Mensagem. É o Evangelho espiritual, no dizer do espírito Amélia Rodrigues.
João, jovem, assiste com Maria, os instantes de agonia e morte do seu Mestre e Senhor, a cuja dedicação Jesus entrega sua mãe: “Filho, eis aí a tua mãe!” E desencumbiu-se da missão, oferecendo-lhe “o refúgio amoroso de sua proteção”.(3)
João foi com Pedro à Samaria, depois da ascensão de Jesus, e mais tarde voltou a Jerusalém, trabalhando na Casa do Caminho. Mereceu a prisão com Pedro e, libertado, prosseguiu nas atividades.
Após se instalar em Éfeso, busca Maria e a abriga em sua casa, doada por membro da família real de Adiabene. “No alto da pequena colina, distante dos homens e no altar imponente da Natureza, se reuniriam ambos para cultivar a lembrança permanente de Jesus. Estabeleceriam um pouso e refúgio aos desamparados, ensinariam as verdades do Evangelho a todos os espíritos de boa vontade e, como mãe e filho, iniciariam uma
nova era de amor, na comunidade universal.” (3)
Perseguido por Domiciano, foi enviado para Roma, sendo depois exilado na ilha de Patmos, onde teve ocasião de escrever o Apocalipse. Depois da morte de Domiciano, voltou para Éfeso e aí morreu quase centenário.
É o único dos apóstolos a desencarnar de forma natural. A ele são atribuídas também 3 epístolas: a primeira dirigida aos fiéis da Ásia menor e que, segundo alguns, parece ter sido escrita como prefácio ao quarto Evangelho; a segunda à senhora Electa e seus filhos, qualificando-o alguma Igreja na Ásia menor e a terceira, a Gaio, um rico cristão. É uma carta íntima e repleta de gratidão.
No ocaso do século XII, João retorna ao cenário do mundo, na figura de Francesco Bernardone, para se tornar “o pobre de Assis”.
“Francisco, ao largo da sua trajetória corporal, tudo de si investiu para que o modelo crístico fosse a sua referência, na sede que demonstrava de segui-lo, de imitá-lo.
Trabalhou, sofreu, chorou muito, sem que tivesse imposto a ninguém qualquer dor, qualquer sofrimento. Ao contrário, ocultava suas lágrimas pessoais, quando se tratava de atender a terceiros. Ele conhecia e convivia com o Espírito do Cristo, mas entendia que o semelhante deveria ver o Cristo por meio das suas ações amorosas.” (2)
Como o cantador de Deus, escreveu os doces versos que o espírito Camilo denomina A carta magna da Paz, que inicia com o “Senhor, faze-me um instrumento da tua paz… Daí, desdobram-se rogativas corajosas e estelares, desvelando a pujança das acrisoladas virtudes do Pobrezinho, virtudes que marcariam sua existência até os momentos finais da sua vida terrena.” (2)
É este mesmo João/Francisco/Amor que assina em primeiro lugar os “Prolegômenos” de O livro dos espíritos. O instrumento de Deus atende, outra vez, ao chamado do Pastor e vem oferecer ao mundo o Consolador.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. VIII, item 18, recorda a doçura do encontro de Jesus com as crianças em que o Príncipe da Paz se detém a atendê-las. Nas suas linhas podemos reconhecer o autor do 4º Evangelho e especialmente quando assim se expressa, referindo-se ao Mestre: “Ele foi o facho que ilumina as trevas, a claridade material que toca a despertar.(…)”

Fonte: 1. Franco, Divaldo P. As primícias do reino, Sabedoria, 1967, cap. 12, 15 e 22.
2. Teixeira, J. Raul. A carta magna da paz,Fráter, 2002.
3. Xavier, Francisco Cândido. Boa nova, FEB, 1963, cap. 4 e 30.
4. Renan, Ernest. Vida de Jesus, Martin Claret, 1995, cap. 9.
5. Reader’s Digest. Depois de Jesus. O triunfo do cristianismo, 1999,cap. 1, 2, 3

Joana d’Arc

Joana d’Arc

A França era um país curvado ao poderio inglês. Não era propriamente um país como hoje é conhecido. Constituía-se de vários feudos.
E foi numa aldeia ignorada até então que, em 1412 nasceu uma criança que se tornaria célebre e célebre faria Domremy.
Filha de pobres lavradores, aprendeu a fiar a lã junto com sua mãe e guardava o rebanho de ovelhas. Teve três irmãos e uma irmã. Não aprendeu a ler, nem a escrever, pois cedo o trabalho lhe absorveu as horas.
A aldeia era bastante afastada e os rumores da guerra demoravam a chegar. Finalmente, um dia, Joana d’Arc tomou contato com os horrores da guerra, quando as tropas inglesas se aproximaram e toda a família precisou fugir e se esconder.
Aos 12 anos começou a ter visões. Era um dia de verão, ao meio-dia. Joana orava no jardim próximo à sua casa, quando escutou uma voz que lhe dizia para ter confiança no Senhor. A figura que ela divisou, identificou como sendo a do arcanjo São Miguel. As duas mensageiras espirituais que o acompanhavam , como Catarina e Margarida, santas conforme a Igreja que ela freqüentava.
Eles lhe falam da situação do país e lhe revelam a missão. Ela deve ir em socorro do Delfim e coroá-lo rei de França.
Durante 4 anos, ela hesitou e a história de suas visões começou a se espalhar. Ao alvorecer de um dia de inverno, ela se levanta. Está decidida. Prepara uma ligeira bagagem, um embrulhozinho, um bastão de viagem, murmura adeus aos seus pais e parte. Nunca mais aquela aldeia da Lorena a verá.
Igreja, de conviver com homens nos campos de batalha, de manejar a espada.
O objetivo era provar que Joana era uma enviada do demônio. Consequentemente, se desmoralizaria o rei Carlos VII. Afinal, que espécie de rei era aquele que se deixara enganar por uma bruxa ?
Durante 6 meses ela é submetida a uma verdadeira tortura moral. Os interrogatórios são longos , cansativos. Finalmente, a execução se dá na praça central de Roeun, no dia 30 de maio de 1431.
Seu cabelo foi raspado e, por temerem a reação do povo, 120 homens armados a escoltam até o local. Ela é atada a um poste e a fogueira é acesa.
Quando as chamas a envolvem e lhe mordem as carnes, ela exclama: “Sim, minhas vozes eram de Deus! Minhas vozes não me enganaram.”
Era a prova inequívoca da mediunidade que lhe guiara a trajetória terrena.
No capítulo XXXI de O livro dos médiuns, vindo a lume no ano de 1861, quando o Codificador reúne Dissertações Espíritas, confere à de Joana D’Arc o número 12, onde ela se dirige aos médiuns, em especial, concitando-os ao exercício do mediunato.
Recomenda-lhes, ainda, que confiem em seu anjo guardião e que lutem contra o escolho da mediunidade que é o orgulho.
Conselhos que ela, em sua vida terrena, na qualidade de médium, muito bem seguira.

Fonte: Joana D’Arc, médium – Léon Denis.
Grandes personagens da História Universal, vol. 2.

Jean-Jacques Rousseau

Jean-Jacques Rousseau

Seu nome é lembrado toda vez que ocorrem estudos biográficos do Codificador. Jean Henri Pestalozzi, o educador atento e homem íntegro, assimilou o pensamento de Rousseau, a partir do contato que teve com a sua obra capital: Émile ou de l’Éducation. E foi por intermédio de Yverdun e de Pestalozzi que Rivail abeberou-se na doutrina da natureza de Rousseau.
Esse homem estranho, que tem seu nome estreitamento ligado à área pedagógica, foi romancista, memorialista, teórico social e político e um ideólogo.
Nascido em Genebra, na Suíça, a 28 de junho de 1712, até os seus 38 anos, era conhecido apenas como músico. Órfão de mãe ao nascer, com apenas 10 anos de idade foi entregue aos cuidados de um pastor, em Bossey, retornando a sua cidade natal dois anos depois e ali, foi aprendiz de gravador.
Peregrinando entre a Suíça e a França, tornou-se professor de música em Lausanne e Chambéry, e aos 19 anos, deslumbrou-se com a capital parisiense. Conseguindo quem o amparasse, na qualidade de protetores, entre os quais Mme. de Warens, da cidade de Chambéry, chegou a acompanhar o embaixador da França a Veneza, na qualidade de secretário.
Dedicado à música, teve recusado seu projeto de uma nova notação musical, apresentado na Academia de Ciências, em Paris. O sucesso musical seria alcançado em 1750, quando foi premiado, pela Academia de Dijon, o seu ensaio, Discurso sobre as ciências e as artes. A partir daí, suas novas produções teatrais e musicais são melhor acolhidas. No Discurso premiado, Rousseau responde à pergunta proposta pela Academia de Dijon, em concurso: se o progresso das ciências e das letras concorreu para corromper ou depurar os costumes, onde afirma a primeira alternativa. Foi um contestador da sociedade tal como era organizada.
Quatro anos depois, no seu Discurso sobre a desigualdade entre os homens, afirmaria que a desigualdade e a injustiça eram os frutos de uma hierarquia mal constituída, que a organização social não corresponde à verdadeira natureza humana, corrompendo-a e sufocando o seu potencial.
No campo da música Rousseau escreveu a ópera-balé As musas galantes e a ópera cômica, O adivinho da aldeia.
Foi amigo dos enciclopedistas, entre os quais Diderot e Grimm, com os quais romperia mais tarde, tornando-se objeto de hostilidades tanto do governo como dos seus ex-amigos enciclopedistas, chegando a ter sua prisão decretada, o que o fez refugiar-se na Suíça, depois na Inglaterra.
Rousseau foi a mais profunda influência sobre o pré-romantismo, encontrando-se os traços dessa influência no romantismo francês de Chateaubriand, Lamartine e Victor Hugo, bem assim inspirou personagens de Goethe, de Foscolo, bem como personagens de Byron. Seu romance de amor, A nova Heloísa, publicado em 1761 teve um sucesso extraordinário. Ao mesmo tempo romance filosófico, exalta a pureza em luta contra uma ordem social corrompida e injusta. Descreve um amor irrealizado. Possivelmente o retrato do que ele mesmo viveu.
No ano seguinte, surgiram suas obras mais discutidas: Do contrato social e Emílio ou da Educação. Na primeira, Rousseau apresenta o Estado ideal como resultante de um acordo comum entre os seus membros. Para esse acordo, faz-se necessário se estabeleçam obrigações. Para se tornarem cidadãos, os indivíduos devem ceder algumas de suas prerrogativas. A vontade geral, que é a da coletividade, é a que deve prevalecer. É um Estado que garante os direitos dos cidadãos.
Em Emílio, em forma romanesca, Rousseau imagina a educação de um jovem. É o processo da formação do indivíduo, que deveria ser ensinado a ver com “os próprios olhos”. Afirmava ali, o pedagogo francês: “… a educação do homem começa no seu nascimento; antes de falar, antes de escutar, ele já se instrui. A experiência precede as lições; no momento em que ele conhece a sua ama de leite, ele já adquiriu muito.”
Se considerarmos a idéia da pré-existência da alma e o Espírito reencarnante presente no processo gestatório, desde a fecundação, o pensamento de Rousseau ganha maior significado. Para ele, a educação é um processo espontâneo, natural, particularizando a necessidade do contato com a natureza. Mais do que conhecer, o ser necessita ser capaz de discernir.
A respeito de Deus, na última parte da obra, resume Rousseau: “Esse Ser que quer e que pode, esse Ser, ativo por si mesmo, esse Ser, enfim qualquer que seja, que move o universo e ordena todas as coisas, eu o chamo Deus. Acrescento a esse nome as idéias reunidas de inteligência, de poder, de vontade, e a de bondade, que é uma conseqüência necessária; apesar disto não conheço melhor o Ser que assim classifico; ele se furta, tanto aos meus sentidos como ao meu entendimento; quanto mais penso nele, mais me confundo; sei com muita certeza que ele existe, e que existe por si mesmo; sei que minha existência é subordinada à sua, e que todas as coisas que conheço se encontram absolutamente no mesmo caso. Percebo Deus por toda parte em suas obras; sinto-o em mim, vejo-o à minha volta; mas tão logo quero contemplá-lo em si mesmo, tão logo quero procurar onde está, o que é, qual a sua substância, ele me escapa, e meu espírito perturbado não percebe mais nada.”
A sua obra mais delicada e de emoção mais tranqüila, denomina-se Devaneios de um passeante solitário. Referir-se-ia porventura, o escritor à sua breve passagem pela Terra? Exatamente à transitoriedade da encarnação? Ao escrevê-lo já se encontra enfermo, mas ainda sensível à beleza natural da vida. Queixa-se da incompreensão de todos, afirma-se amigo da Humanidade desprezado pelos homens e dá uma imagem idílica da natureza. É seu testamento final. O dia 2 de julho de 1778 assinala o término da sua jornada terrena na personalidade de Jean-Jacques Rousseau. Contava 66 anos de idade.
Na Doutrina Espírita, que surgiria na Terra, quase 80 anos depois, Rousseau teria saciada sua fome e sede de justiça, igualdade e conhecimento. Eis como ele se expressa em mensagem inserida em O Livro dos Médiuns, pelo Codificador: “Penso que o Espiritismo é um estudo todo filosófico das causas secretas dos movimentos interiores da alma, até agora nada ou pouco definidos.
Explica, mais do que desvenda, horizontes novos.
A reencarnação e as provas, sofridas antes de atingir o Espírito a meta suprema, não são revelações, porém uma confirmação importante. Tocam-me ao vivo as verdades que por esse meio são postas em foco. Digo intencionalmente _ meio _ porquanto, a meu ver, o Espiritismo é uma alavanca que afasta as barreiras da cegueira.
Ressuscitando o espiritualismo, o Espiritismo restituirá à sociedade o surto, que a uns dará a dignidade interior, a outros a resignação, a todos a necessidade de se elevarem para o Ente supremo, olvidado e desconhecido pelas suas ingratas criaturas.”

Fonte: Kardec, Allan. O livro dos médiuns. FEB, 1986. pt. 2, cap. XXXI, item 3.
Rivail, Hippolyte Léon Denizard. COMENIUS, 1998.
Enciclopédia Mirador Internacional, vol. 18.
Moreil, André. Vida e obra de Allan Kardec. EDICEL, 1986.
Incontri, Dora. Pestalozzi, educação e ética. SCIPIONE, 1996.

Jean Baptiste Massillon

Jean Baptiste Massillon

Sacerdote católico, nasceu em Hyères a 24 de junho de 1663.
Inicialmente foi encaminhado para a área do direito, revelando-se, contudo, sua vocação para o sacerdócio. Ordenou-se padre e como excelente orador, ensinou retórica em colégios do sul da França.
Foi em 1691 que se tornou famoso, após proceder a oração fúnebre do arcebispo de Vienne e dois anos depois do arcebispo de Lyon.
Foi para um mosteiro, objetivando ali viver. Mas, em 1696 foi chamado a Paris para dirigir o Seminário de Saint Magloire.
Foi pregador do Advento na corte em 1699 e das Quaresmas de 1701 e 1704, consolidando ainda mais sua fama de orador.
Em 1709 ele profere a oração fúnebre do príncipe de Conti, em 1711 a do Grande Delfim. Em 1714, a de Luís XIV.
Nomeado bispo de Clermont, em Auvergne, três anos depois, haveria de proferir célebres sermões perante Luís XV. Posteriormente, tais sermões seriam reunidos para compor a obra Pequena Quaresma.
Em 1719 a Academia Francesa o recebe. Daí, até o dia da sua morte, em Beauregard a 18 de setembro de 1742 ele não mais sairia de sua diocese.
Representante clássico do moralismo, seus sermões foram muito apreciados por Voltaire e outros iluministas, como modelos de estilo e pela ausência de religiosidade dogmática.
Em O Livro dos Médiuns, 2ª parte, cap. XXXI, item XXV , o Codificador inseriu uma comunicação de Massillon, assinalando-a como de caráter instrutivo e verdadeiramente sério.

Fonte: Enciclopédia Mirador Internacional vol. 10;
O Livro dos Médiuns, 2ª parte, cap. XXXI, item XXV.

Henri Heine

Henri Heine

Seu nome em alemão era Heinrich Heine. Assina a mensagem inserida em O Evangelho segundo o espiritismo, no item 3 do capítulo XX, intitulada “Os últimos serão os primeiros”.
Nasceu em Düsseldorf em 13 de dezembro de 1797, de família judaica. Seu destino era o comércio e por isso foi encaminhado pelo pai a um tio banqueiro em Hamburgo. Logo verificou-se que ele não tinha dom para a atividade e o tio o remeteu a Bonn, a fim de estudar direito. Mas o jovem Harry como era chamado então, interessou-se pelos assuntos literários e abraçou os cursos de literatura.
Berlim foi seu ambiente mais propício, permitindo-lhe freqüentar os salões literários e seguir a filosofia política de Hegel. Poeta e jornalista, ficou famoso pelos poemas e livros de viagens. Desgostoso pelo clima anti-semita do país, emigrou para Paris no ano de 1831.
Ali se tornaria correspondente de grandes jornais alemães. Foi um dos mais inquietos e polêmicos jornalistas de seu tempo. Para o Jornal Geral de Augsburgo descrevia quadros da vida francesa, sendo seus temas constantes o parlamento, a imprensa, o mundo artístico, o teatro e a música.
Sua influência foi enorme dentro e fora da Alemanha. Na segunda metade do século XIX todos os poetas alemães pareciam heinianos.
Sua poesia é de um lirismo melancólico de início. Seus poemas sentimentais são cheios de infelicidade e lamentações amorosas. Alguns poemas de amor conquistaram fama universal, sendo depois musicados por Schubert , Schumann e muitos outros compositores.
Escreveu poemas dedicados ao mar, em versos livres. E por fim, a poesia política, tangendo versos que retratavam situações da época como Os Tecelões, poema inspirado pela greve dos tecelões esfomeados da Silésia.
Como prosador é considerado um dos mais ágeis da literatura de língua alemã, em qualquer tempo. Suas obras mais ambiciosas são A escola romântica e Sobre a história da religião e da filosofia na Alemanha. Nesse último, Heine parece querer completar o livro de Mme de Stäel sobre a Alemanha, tentando mostrar aos franceses o pensamento estético e filosófico do seu país. Nele está estampada a profecia de um despertar revolucionário da consciência alemã e, sobretudo, a crença do poeta na importância universal do pensamento de Hegel.
Sofreu dificuldades financeiras, enfrentou conflitos políticos e a doença acabou por vitimá-lo. Sofreu uma paralisia que o conduziu à morte em 17 de fevereiro de 1856, em Paris.
A mensagem que se encontra em O Evangelho segundo o espiritismo é datada de 1863, também em Paris.

Galileu Galilei

Galileu Galilei

“Pelas belas noites estreladas e sem luar, toda gente há contemplado essa faixa esbranquiçada que atravessa o céu de uma extremidade a outra e que os antigos cognominaram de Via-Láctea, por motivo da sua aparência leitosa.(…)
É desta forma poética que inicia o item 32 de o capítulo VI de A Gênese que, conforme nota de rodapé assinala que foi “textualmente extraído de uma série de comunicações ditadas à Sociedade Espírita de Paris, em 1862 e 1863, sob o título _ Estudos uranográficos, e assinadas GALILEU” , servindo como médium Camille Flammarion.
Reencontramos no capítulo aludido o mesmo entusiasmo do Galileu estudioso que um dia tomou do telescópio que construíra e que encurtava trinta e três vezes a distância do objeto, a quem ele chamou “Velho Descobridor”, e virando-o para o céu, viu saltar- lhe aos olhos o maior dos espetáculos acessíveis à vista dos homens: o panorama extraordinário do Infinito, com suas estradas iluminadas por inumeráveis sóis. Naquela noite memorável, Galileu extasiado verificou que o que parecia simplesmente, a olho nu, um véu nebuloso, era uma faixa de estrelas, com inúmeras outras espiando, curiosas, por entre elas. Nascia, então, a Astronomia moderna.
Foi aos 17 anos que Galileu Galilei, nascido a 18 de fevereiro de 1564, em Pisa, na Itália, teve sua atenção desperta para o lampadário da abóbada da Catedral de sua cidade natal. Alguém o puxara para um lado a fim de acendê-lo e tendo-o largado, o lampadário oscilou em silêncio sobre a cabeça dos fiéis, descrevendo arcos que aos poucos foram se tornando mais curtos.
Galileu esqueceu de orar, esqueceu dos propósitos que o haviam conduzido à Igreja e com espírito de observação, mediu o tempo de cada oscilação pelo seu próprio pulso.
Sua família chegou a perder a paciência com o rapazote, tantas foram as experiências que ele fez a partir de então com pêndulos, suspendendo-os nas traves do teto e nos ramos das árvores. O resultado foi a invenção de um pêndulo que se podia sincronizar com o pulso humano e que os médicos passaram a adotar para medir as pulsações dos doentes.
Por insistência do pai, foi estudar Medicina na Universidade de Pisa, depois de ter fracassado como ajudante na loja da família. Foi também seu pai que, amante da música, o ensinou a tocar alaúde e órgão. Galileu chegou a ganhar notoriedade como pintor.
Estudando sozinho, descobriu Arquimedes, o maior de todos os matemáticos e filósofos gregos, e a partir daí, inventou uma balança hidrostática. Teve a coragem de refutar Aristóteles provando não só que os corpos, independente de seu peso, caem com uma velocidade que se vai acelerando, como também que a aceleração da queda é uniforme.
Deu à Física um conceito novo, o da inércia , ou seja, a tendência que têm os corpos a ficar em repouso, ou, quando em movimento, a continuar se deslocando em linha reta, na mesma velocidade, a não ser que uma força externa exerça sobre eles alguma ação.
Aos 24 anos era professor de Matemática na Universidade de Pisa, cargo que perdeu por defender suas idéias. Sofreu perseguições, diminuíram-lhe o salário e ele acabou por se demitir.
Em 1592 a República de Veneza o convidou a ensinar na Universidade de Pádua. Durante 18 anos, com um ordenado que podia ser considerado bom, e num ambiente de liberdade intelectual, Galileu inventou uma régua para cálculos, um transferidor, desenhou fortificações e máquinas para o cerco das cidades e pontes.
Eram tantos os seus alunos que ele era obrigado a ensinar ao ar livre. Finalmente, a Inquisição estendeu o seu ignorante braço e proibiu Galileu de ensinar as suas teorias, porque os movimentos celestiais revelados pelas lentes do seu telescópio e sua inteligência eram contrários às Escrituras.
Durante 16 anos ele se submeteu. Então, decidiu dar à luz os seus Diálogos sobre os Sistemas Principais, um debate entre as teorias de Ptolomeu e de Copérnico.
O Papa Urbano VIII viu sua própria caricatura em um dos personagens e Galileu recebeu ordem de suspender a venda do livro, que , contudo, já se espalhara por toda a Europa.
Aos 70 anos, sofrendo de hérnia dupla e palpitações cardíacas, Galileu compareceu frente à banca examinadora de cardeais, em Roma. Ameaçaram-no das maiores torturas e, ao fim de 4 meses, ele foi obrigado a se ajoelhar e ler em voz alta, a refutação das idéias de Copérnico.
Seu livro foi incluído no Índex e ele, condenado à prisão perpétua. Graças à intercessão do Duque de Toscana, saiu da masmorra onde estava apodrecendo e ficou detido até sua morte, oito anos depois, em sua casa, sempre espionado.
Mesmo assim, sábios do Mundo inteiro iam à sua casa em massa. Com a luz dos olhos diminuindo e com risco de sua própria vida, o grande gênio se permitiu escrever e entregar, para publicação em países onde reinasse a liberdade de pensamento, fragmentos do livro Diálogos sobre duas novas ciências, obra que o torna o fundador da Física experimental.
No ano em que nascia Isaac Newton, 1642, Galileu expirou, cego e prisioneiro. Os penetrantes olhos azuis daquela águia acorrentada fechavam-se para o mundo físico, a fim de que seus olhos espirituais pudessem perscrutar com total liberdade a majestade das leis naturais, liberto das superstições da sua época.
Com certeza, por isso contribui tão maravilhosamente na quinta obra da Codificação, encerrando o capítulo discorrendo a respeito da diversidade dos mundos, apresentando-os como “… pedrarias variegadas de um imenso mosaico, as diversificadas flores de admirável parque.”
Parque onde ele dizia ele, Deus se revela a cada instante e que as criaturas humanas poderemos enxergar através da luneta da ciência, que “não pode deixar de progredir.”

Fonte: Grandes vidas, grandes obras (Seleções do Reader’s Digest), 1968.
KARDEC, Allan. A gênese. Rio de Janeiro, 1986.

François-René de Chateaubriand

François-René de Chateaubriand

“Eu pressentira, mau grado a prejuízos de infância e de educação, mau grado ao culto da lembrança, a época atual. Sou feliz por isso (…)” , é como se expressa Chateaubriand na mensagem, inserida em O Livro dos médiuns, (2). parte, cap. XXXI, item II.
Com certeza, estaria a pensar nas próprias reformas que ele presenciara e vivera no seu período de vida física, findo em 4 de julho de 1848, na capital francesa.
Ele conheceu o exílio e a glória, provações e homenagens, o desprezo e o poder. Político e escritor, participou de grandes momentos da História, que registrou em sua obra Recordações de além-túmulo, publicada em forma seriada, em Paris, de 21 de outubro de 1848 a 3 de julho de 1850, portanto depois de sua morte.
Escrita após a revolução de 1830, num período de completo isolamento, a obra apresenta uma galeria brilhante de personalidades da época, de dimensões históricas, políticas, sociais e literárias, cimentando o prestígio permanente de Chateaubriand na literatura francesa.
“Da primeira à última página das Mémoires sente-se a presença do autor, com as suas fraquezas, a sua coragem, o seu orgulho, a sua grande força de escritor” (1) , tanto quanto o difícil caminho de um aristocrata e intelectual após a Revolução.
Esse mágico do verbo e infatigável viajor dos séculos, nasceu François René, visconde de Chateaubriand, no dia 4 de setembro de 1768, em Saint-Malo, último filho de uma família católica. Freqüentou o Colégio, engajou-se no Exército, freqüentou a corte e a sociedade de Paris. Espírito irrequieto e aventureiro, embarcou para a América do Norte aos 23 anos, tendo percorrido vastas regiões de florestas virgens e estabelecido contatos com tribos indígenas.
Seu retorno à Europa se deu imediatamente após saber da fuga e prisão do rei Luís XVI, em Varennes. Diante da queda da monarquia, alistou-se no exército dos príncipes emigrados, que combatiam as forças revolucionárias. Ferido no cerco de Thioville, refugiou-se na Inglaterra em 1793, onde se sustentou dando lições de francês e fazendo traduções.
Trabalhou ali numa epopéia indígena publicada em 1826, Os Natchez. Sua primeira obra, contudo, Ensaio histórico, político e moral sobre as revoluções antigas e modernas, consideradas em suas relações com a Revolução Francesa, viria a lume em 1797.
Também é na capital londrina que ele reconquista sua fé perdida, inicia sua obra de apologia da religião cristã e resolve dedicar seu gênio literário à defesa e reestauração das crenças religiosas, que a Revolução havia abalado.
Retornou à França em 1800 e em 1801 publicou um episódio retirado de Os Natchez, Atala, ou Os amores de dois selvagens no deserto. Ali, a jovem Atala salva o herói e prefere a morte ao casamento com Chactas, a fim de não ferir um voto que fizera à Virgem Maria.
Quatro anos depois, outro episódio seria publicado: René, onde se evidencia sua qualidade de discípulo de Rousseau, pintando através do seu personagem, o retorno do homem civilizado à Natureza. É um combate à lassidão, à impotência dos ‘tempos modernos’, com significação moral.
Uma apologia da fé cristã, publicada em 1802 é sua obra mais famosa: O espírito do cristianismo, com a qual ele conquista Napoleão, que desejava oficializar a religião católica como religião do Estado. Nela se encontra emoção religiosa e poesia, consagrando o escritor como uma espécie de guia espiritual de sua época.
Em tributo de gratidão, Napoleão o nomeia secretário da Embaixada em Roma e depois ministro no cantão suíço de Valais, em 1804. Nesse ano, a 21 de março, a execução do duque de Enghien desperta os sentimentos monárquicos adormecidos em Chateaubriand. Ele se demite da carreira diplomática e se encerra numa oposição prudente, mas tenaz, ao imperador, apesar de todas as tentativas daquele para o reconquistar.
Eleito para a Academia Francesa de Letras, é impedido de pronunciar seu discurso de posse, considerado abertamente provocador.Mais tarde, em 1811 publicou um panfleto contra Napoleão e em 1816 define seu ideal político, defendendo a tese de que o rei deve reinar, mas não governar.
Após a ruptura com Napoleão, já célebre em toda a Europa, Chateaubriand medita em coroar exitosamente a sua obra de apologista da religião cristã, através de uma epopéia de seus mártires. Viaja a Jerusalém e no retorno, publica Os mártires ou O triunfo da religião cristã, e depois Itinerário de Paris a Jerusalém…, Vida de Rancé (relato da vida do Reformador da Ordem dos Trapistas no século XVII).
Chateaubriand firmou-se como um dos grandes precursores do Romantismo, pelo conteúdo das emoções variadas de sua obra, pela intensidade e poder dos muitos momentos exemplares do seu estilo.

Fonte: 1. Enciclopédia Mirador Internacional, vol. 5.
2. http://www.france-ouest.com/chateaubriand
3. http://www.newadvent.org/cathen/03640a.htm

Francisco Xavier

Francisco Xavier

O dia 7 de abril de 1506 assinala a data do nascimento de Francisco de Jassu y Javier, no Castelo dos Javier, perto de Pamplona, na Espanha.
Aos 19 anos foi a Paris para estudar, ali permanecendo até seus 28 anos. Com Inácio de Loyola e mais cinco seguidores, fez o voto de caridade e pobreza, no dia 15 de agosto de 1534, do qual se originou a fundação da Companhia de Jesus.
Sendo ordenado padre 3 anos mais tarde, ao contrário de Inácio de Loyola, que permaneceu na Europa, foi enviado ao Extremo Oriente.
A serviço da monarquia portuguesa fez de Goa, na Índia, o centro de difusão do seu apostolado. Sua obra rendeu frutos no Ceilão, nas ilhas do sudeste da Ásia e no Japão.
Quando viajava para iniciar uma nova etapa missionária na China, morreu nas costas do país, aos 46 anos de idade, a 3 de dezembro de 1552, sem poder desembarcar no continente.
Ficou conhecido como o Apóstolo da Índia. O valor desse jesuíta está em sua atitude pioneira de apostolado junto aos povos asiáticos. Os jesuítas detêm o mérito de terem sido nas colônias de Espanha e Portugal o único centro de cultura e um exemplo missionário nos séculos XVI e XVII.
É no capítulo “Amai os vossos inimigos” em O Evangelho segundo o espiritismo que Francisco Xavier disserta a respeito do duelo, afirmando que “Quando a caridade regular a conduta dos homens, eles conformarão seus atos e palavras a esta máxima: `Não façais aos outros o que não quiserdes que vos façam.’ “
Da sua desencarnação à mensagem, ditada em Bordéus, em 1861, estabelece-se um período de 309 anos.

Fonte: Enciclopédia Mirador Internacional – vol. 15.
Grandes personagens da História Universal – vol. 5.

Fénelon

Fénelon

Este é o nome literário de François de Salignac de la Mothe, prelado e escritor francês que nasceu no castelo de Fénelon, em Périgord, a 6 de agosto de 1651.
Ordenou-se sacerdote em 1675 e passou a dirigir uma instituição que tinha por objetivo reeducar as jovens protestantes convertidas ao catolicismo.
Foi enviado pelo rei, na qualidade de missionário às regiões de Aunis e Saintonge.
Seu Tratado da educação das jovens, que veio à luz em 1687, obra dedicada às filhas do duque de Beauvillier, lhe valeu a nomeação de receptor do duque de Bourgogne.
Aos 42 anos é eleito acadêmico e aos 44 já é arcebispo de Cambrai.
A partir da publicação de sua obra Explicação das máximas dos santos, em 1697, passam a declinar as graças oficiais. Dois anos mais tarde, a Santa Sé condena a obra e ele é privado de seus títulos e pensões.
Também cai em desgraça perante Luís XIV que descobre críticas a seu governo no romance pedagógico de Fénelon “As aventuras de Telêmaco”, no mesmo ano de 1699.Mesmo no exílio de sua diocese, ele não pára de publicar. E no período de 1700 a 1712 publica Fábulas e Diálogos dos mortos, este último escrito para o duque de Bourgogne.
Deixa transparecer suas esperanças de uma reforma política em O exame de consciência de um rei, enquanto seu apego à Antigüidade clássica transparece em Cartas sobre as ocupações da Academia francesa.
7 de janeiro de 1715 assinala a data da sua morte, ocorrida em Cambrai.
Fénelon figura na Codificação, em vários momentos, podendo ser citados: O livro dos espíritos, onde assina Prolegômenos, junto a uma plêiade de luminares espirituais. Igualmente a resposta à questão de nº 917 é de sua especial responsabilidade.
Em O evangelho segundo o espiritismo apresenta-se em vários momentos, discursando acerca da terceira revelação e da revolução moral do homem (cap. I, 10); o homem de bem e os tormentos voluntários (cap. V, 22,23; a lei de amor (cap. XI, 9); o ódio (cap. XII, 10) e emprego da riqueza (cap. XVI, 13).
Em O livro dos médiuns figura no capítulo das Dissertações Espíritas (cap. XXXI, 2ª parte, itens XXI e XXII) desenvolvendo aspectos acerca de reuniões espíritas e a multiplicidade dos grupos espíritas.
Importante assinalar que os destaques assinalados são os que o espírito assina seu nome, devendo se considerar que deve, como os demais responsáveis espirituais pela Codificação ter estado presente em muitos outros momentos, dando seu especial contributo, eis que foi convidado pelo Espírito de Verdade a compor sua equipe, em tão grandioso empreendimento.

Fonte: Enciclopédia Mirador Internacional – vol. 10.

Félicité Robert de Lamennais

Félicité Robert de Lamennais

Nascido em uma família burguesa, em 19 de junho de 1782, em Saint-Malo, na França, foi brilhante escritor, tornando-se uma figura influente e controversa na história da Igreja francesa.
Com seu irmão Jean, concebeu a idéia de reviver o Catolicismo Romano como uma chave para a regeneração social. Chegaram a esboçar um programa de reforma em sua obra : Reflexões do estado da Igreja…, no ano de 1808.
Cinco anos mais tarde, no auge do conflito entre Napoleão e o Papado, os irmãos produziram uma defesa do Ultramontanismo (Doutrina e política dos católicos franceses que buscavam inspiração na Cúria Romana, defendendo a autoridade absoluta do Papa em matéria de fé e disciplina). Este livro valeu a Lamennais um conflito com o Imperador, ocasionando sua fuga para a Inglaterra, rapidamente, no ano de 1815.
Um ano depois, com seus 34 anos de idade, Lamennais retorna a Paris e é ordenado padre. Escritor fluente, político e filósofo, ele se esforçava para combinar a política liberal com o Catolicismo Romano, depois da Revolução Francesa. Por isso, já em 1817 publicou “Ensaios sobre a indiferença em matéria de religião considerada em suas relações com a ordem política e civil”, além de uma tradução da “Imitação de Jesus Cristo”. O Ensaio lhe valeu fama imediata.
Nele, Lamennais argumentava a respeito da necessidade da religião, baseando seus apelos na autoridade da tradição e a razão geral da Humanidade, em vez do individualismo do julgamento privado. Embora advogasse o Ultramontanismo na esfera religiosa, em suas crenças políticas era um liberal que advogava a separação do Estado da Igreja, a liberdade de consciência, educação e imprensa.
Depois da revolução de julho, em 1830, Lamennais, junto com Henri Lacordaire (Os expoentes da Codificação XVIII) e Charles de Montalembert, além de um grupo entusiástico de escritores do Catolicismo Romano Liberal, fundou o jornal “L’Avenir”. Neste jornal diário, defendia Lamennais os princípios democráticos, a separação da Igreja do Estado, criando embaraços para si tanto com a hierarquia eclesiástica francesa quanto com o governo do rei Luís Felipe.
O Papa Gregório XVI desautorizou as opiniões de Lamennais na Encíclica Mirari vos, em agosto de 1831. A partir de então, Lamennais passa a atacar o Papado e as monarquias européias, escrevendo o famoso poema “Palavras de um crente”, condenado na Encíclica papal Singulari vos, em julho de 1834. O resultado foi a exclusão de Lamennais da Igreja.
Incansável, ele se devotou à causa do povo, colocando sua caneta a serviço do republicanismo e do socialismo. Escreveu trabalhos como “O Livro do Povo “(1838), “Os afazeres de Roma” e “Esboço de uma Filosofia”. Chegou a ser condenado à prisão mas, já em 1848 foi eleito para a Assembléia Nacional, aposentando-se em 1851. Por ocasião de sua morte, em Paris, em 27 de fevereiro de 1854, não desejando se reconciliar com a Igreja, foi sepultado em uma cova de indigente.
No Mundo Espiritual, não permaneceu ocioso, eis que em O Livro dos Espíritos, na pergunta de número 1009, se encontra uma mensagem de sua lavra, ilustrando a resposta. Nela, revela os traços da sua fé, concitando as criaturas a aproximar-se do bom pastor e do Pai Criador, combatendo com vigor a crença das penas eternas. Na mensagem que assina em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XI, item 15, ele se revela o ser compassivo, que conclama as criaturas a obedecer a voz do coração, oferecendo, se for necessário, a própria pela vida de um malfeitor.

Theme: Overlay by Kaira Extra Text
Cape Town, South Africa